domingo, 1 de dezembro de 2013

POESIAS DA JOAQUINA

Meus Dezembros

Chuva fina batendo na janela
Mais um dezembro chegando com ela

Chuva fina batendo no meu peito
Mais um dezembro chegando a seu jeito

Chuva fina batendo, batendo
Dezembro chegando, coração se animando

Como é bom ver dezembro chegar
Melhor ainda é fazer como a chuva
E chegar em dezembro

Dezembro que trás a chuva
Que renova a esperança
Que me faz criança
Que marca o meu tempo
Que se renova
A cada DEZEMBRO.

Joaquina.


terça-feira, 26 de novembro de 2013

Homenagem: Aniversário de Casamento ...



Pomar do Amor


Na primeira vez que eu e meu marido fomos ao supermercado, após nos casarmos, compramos entre tantas coisas, úteis e inúteis, um enorme saco de laranjas.
Elas estavam tão lindas e pareciam tão suculentas, que nem pensamos duas vezes em colocá-las no carrinho.
Mas, como já era de se esperar, não conseguimos consumir nem a metade e a maioria das laranjas foram parar no lixo.
Na época achamos engraçado, mas suspeito que aquela tenha sido nossa primeira lição sobre como construir uma vida a dois.
Os anos foram passando e fomos compreendendo que as laranjas, assim como todas as coisas belas da vida de um casal, vão se chegando aos poucos, até que transbordem sem se perder.
Hoje, após 14 anos de casados, vejo que fomos além e conquistamos não só as laranjas na fruteira, mas o nosso próprio pomar.
Pomar onde os frutos tem o amargo de nossas lutas, a doçura de nossos sonhos e a beleza de nosso amor.

Com amor...

Joaquina.



domingo, 29 de setembro de 2013

Bons Tempos

Bom era o tempo em que balas e doces resolviam os problemas
e a maior de todas as preocupações eram as provas de matemática
Bom era o tempo em que sonho de consumo era calçar All Star e usar calça Lee
Bom era ir ao cinema, entrar na loja de discos, ir à banca de revistas.
Bom, bom mesmo...
Era não saber que essas coisas passariam
E que não mais bastaria viver o feliz dia a dia.

Bom era eu me sentindo grande no meu pequeno universo
Sem dimensão do inverso, sem julgamentos de mim.
Bom, bom mesmo...
Era viver a ignorância de me sentir importante
De me saber amada e,assim, estar sempre feliz
Bom era o tempo em que o tempo sobrava
E acreditar no amanhã era fácil
E esperar era bem mais tranqüilo
Bom, bom mesmo...
É ter vivido isso tudo, ainda que seja só para guardar de lembrança
Ou para buscar esperança nessa brisa do ontem que sopra em mim.

Joaquina.





segunda-feira, 23 de setembro de 2013

domingo, 8 de setembro de 2013

A importância do importante


Todos os dias me pergunto para onde vai a correria em que vivemos.
Nossas manhãs engarrafadas, nossas tardes atribuladas, nossas noites esgotadas.
Vivemos de prazos intermináveis, compromissos inadiáveis e uma rotina sem fim.
Não temos tempo para prazeres, saberes ou descobertas.
As primaveras passam sem que vejamos as flores.
Os pássaros cantam sem que os escutemos .
E só percebemos a chuva se ela fizer tempestade.
Apenas de relance vemos a vida passar...
Perdemos as manhãs de sol, as tardes de verão, as noites de luar.
Perdemos o sorriso das crianças e o tempo de aproveitar sua infância.
Perdemos o que nem sabemos porque não há tempo de o deixar existir.
Se o futuro que espera, depois dessa incrível jornada, for de tarefa cumprida e missão resolvida, então,acho que temos chance de vencer.
Mas se o amanhã desejado for se sentir mais amado,pleno e realizado, já é difícil saber.
Enfim, esse é o desafio dessa nossa geração...
Vencer a corrida do ouro, sem levar ouro de tolo,nem se perder na multidão!

Abraços,
Joaquina.


Assim escrevi Relance, espero que gostem!


Relance

Na rotina de acordar, fazer e ter
Vejo a vida num relance
E na ânsia de alcançar, de ser, acontecer
Passo tudo num instante
E no tempo de sonhar, amar, viver
Estou sempre tão distante
Quando o tempo se acabar, vencer, morrer
Não vai ter mais adiante
Já é hora de pensar, de ver, rever
A importância do importante
E chegar e aconchegar em ser, em ter
O que é mais que relevante
E amar e re-amar viver o eterno do instante.

Joaquina.


domingo, 25 de agosto de 2013

Menino

Na velocidade de um foguete.
Deliciosa como um sorvete.
Assim é vida de menino!
Para os meninos da minha vida escrevi esse poema, que hoje publico em homenagem aos meninos do mundo inteiro.



Menino

Menino dormindo
Sonhando acordado
Achando que a lua é ali do lado.

Menino pequeno, chutando bola
Menino descalço, menino na escola.

Menino na praia tomando sorvete
Voando bem alto dentro de um foguete.

Menino correndo, comendo pipoca
Contando estrelas, caçando minhoca.

Menino ouvindo, contando, criando
 E fazendo história.

Menino
Voando, sonhando, crescendo ...
 E crescendo ...
Meniiiiino!!!
 Menino???
Menino ...

 Cresceu!

Joaquina 

sábado, 17 de agosto de 2013

As escolhas que não fazemos


Há sempre algo de imponderável em todas as escolhas!
Parece óbvio falando assim, mas levei muito tempo entendendo isso.
Por muitas vezes me senti como um jogador de xadrez levando um xeque-mate do adversário.
 E, o que era pior no meu caso, é que o  adversário em questão era sempre eu mesma.
Então, o que fazer para acertar a jogada? Como aprender a me movimentar nesse grande tabuleiro?
Impossível encontrar uma fórmula.
Impossível controlar o imponderável por trás de cada escolha.
Quando tomamos uma direção nesse nosso grande jogo da vida depositamos expectativas em determinado caminho. Mas a verdade é que esse caminho ainda está por se construir. E é ao longo dessa construção que ele realmente se configura.
Será então que na vida atiramos sempre no que vemos e acertamos no que não podemos ver?
Talvez.
Fato é que, ao fazermos uma escolha, milhares de situações surgirão desse movimento e...
Talvez acertemos a jogada.
Talvez sejamos surpreendidos pela reação produzida por ela.
Mas diferente do Xadrez, não acredito em xeque-mate.
O que aprendi da dinâmica da vida é que o imponderável é justamente o que vem para conduzir o jogo. De modo que ele nunca se acabe.
Sim é isso mesmo!
Alguma coisa me diz que se controlássemos tudo e se nossas escolhas traçassem linhas retas em nossos caminhos acabaríamos por sofrer um xeque-mate.
Para mim, é o imponderável que nos conduz ao exercício criativo de ser maleável, adaptável, transformável.
Enfim, de se reinventar a partir de cada nova situação.
E isso, sim, é que torna as possibilidades infinitas e faz com que o jogo da vida jamais tenha fim.

Joaquina.

              Retrato do jogador de xadrez de Marcel Duchamp 1911

domingo, 11 de agosto de 2013

Homenagem ao dia Nacional das Artes

Arte

Arte...
Assim se expressam os homens
Assim se traduzem as culturas
Assim se humaniza a humanidade
Arte...
Sem você não há cultura
Sem você não há sonho
Sem você não há realidade.



Joaquina


sábado, 10 de agosto de 2013

Frase do dia...


Cansei de esperar pelas manhãs de sol.
Vou construir minha felicidade, aqui mesmo, nesse entardecer cheio de nuvens.

Joaquina


quinta-feira, 18 de julho de 2013

Novos tempos...


Sim, não foram apenas os vinte centavos!
O despertar do gigante nos trouxe a certeza de que novos tempos se aproximam.
Tempos em que estaremos mais atentos aos nossos direitos e aos rumos de nosso país.
Mas, como todo grande movimento é formado pelas muitas  forças que, convergentes ou divergentes acabam por o impulsionar, esbarramos também em forças brutais e negativas.
Nada que apague a importância e a beleza do que, nós brasileiros, fomos capazes de fazer e das conquistas que surgiram ou ainda surgirão dessa grande virada.
O que lamentamos, porém, são as mazelas e perdas sem reparo que causaram os desertores da pátria.
Não vejo outro nome para aqueles que se aproveitam de um momento tão importante para, simplesmente, barbarizar, destruir e agredir. Com certeza esses indivíduos abandonaram nossas verdadeiras causas para agir segundo seus piores interesses.
Assistindo ao terror, que até hoje, mancha as manifestações, acabei me lembrando de um livro que li à alguns anos. Tempo de Delicadeza de Affonso Romano de Sant'Anna.
O título do livro é também o nome de uma de suas crônicas "Tempo de Delicadeza" e acredito que sua leitura nunca foi tão apropriada quanto nesse momento.
Vou contar como conheci esse livro.
Precisei  ler Tempo de delicadeza para fazer uma prova de vestibular e ao procurá-lo para comprar passei por uma situação que acabou me mostrando a urgência de tempos mais delicados.
Bem, estava eu à procura do livro, quando resolvi ligar para alguns sebos da cidade perguntando se o teriam para vender.
Após algumas tentativas fracassadas, consegui falar em uma livraria muito conhecida na cidade.
Como se tratava de livros para o vestibular perguntei alguns outros nomes de obras que precisaria ler e a atendente foi logo dizendo, rispidamente:
_ Não adianta você me perguntar sobre esses livros, aqui não trabalhamos com livros para o vestibular!
Achei estranho, pois antes de serem livros para o vestibular, eles eram obras literárias de muito valor, mas enfim, diante da negativa não havia o que argumentar.
Então, fui agradecendo a informação e, não sei por que, resolvi perguntar sobre um último livro. E ,juro, desprovida de qualquer dupla intenção, falei:
_ Só mais uma pergunta: E tempo de Delicadeza, você tem?
A moça, que havia sido tão indelicada o tempo todo, ficou muda do outro lado. Aí me dei conta da pergunta que acabara de fazer.
Sem querer dei à vendedora, em forma de título de livro, a resposta merecida.Achei incrível a coincidência! Quem sabe não era essa a pergunta ou a leitura que faltava?
Enfim, ela não tinha a obra disponível também, mas após seu pequeno silêncio, me respondeu delicadamente e encerramos a conversa.
Desse momento, então, ficou a ironia da pergunta e a certeza de que a delicadeza anda muito em falta por aí.
Não apenas a delicadeza de pequenas circunstâncias, mas a delicadeza em seu sentido mais amplo.
A delicadeza que reflete um comportamento comprometido e consciente, um comportamento cidadão.
 A delicadeza que se opõe à violência e ao desrespeito,dizendo: Com licença, não queremos mais tempos tão brutais.
Sim, não são apenas vinte centavos! São tempos plenamente melhores!!! São tempos de Delicadeza!
Me despeço, então, com as palavras de Affonso Romano de Sant'Anna
Abraços,
Joaquina.

"Tempo de Delicadeza": 
"Sei que as pessoas estão pulando na jugular umas das outras. Sei que viver está cada vez mais dificultoso.
Mas talvez por isto mesmo ou, talvez, devido a esse maio azulzinho, a esse outono fora e dentro de mim, o fato é que o tema da delicadeza começou a se infiltrar, digamos, delicadamente nessa crônica, varando os tiroteios, os sequestros, as palavras ásperas e os gestos grosseiros que ocorreram nas esquinas da televisão e do cinema com a vida. (...)
Sei o que vão dizer: a burocracia, o trânsito, os salários, a polícia, as injustiças, a corrupção e o governo não nos deixam ser delicados.
- E eu não sei?
Mas de novo vos digo: sejamos delicados. E, se necessário for, cruelmente delicados."




          










quarta-feira, 19 de junho de 2013

Alô, alô marciano aqui quem fala é do Brasil...


"Alô, alô marciano aqui quem fala é dá terra..."
Na última ligação que Rita Lee e Roberto de Carvalho fizeram para Marte, com a ajuda de Elis Regina,nos anos 80,o mundo estava repleto de guerras, frias e quentes.Em todo o planeta existiam conflitos movidos por interesses políticos e econômicos que já se arrastavam desde a década anterior.
O Brasil à sua maneira lidava com essa avalanche de crises, além das próprias mazelas.
Havia uma ditadura agonizante e um povo que ansiava o fim dessa opressão.
Desejávamos um novo tempo!
Fomos às ruas, clamamos pelas diretas já, perdemos Tancredo Neves mas ganhamos a democracia.
Ao mesmo tempo, dos movimentos sindicais, surgia o partido dos trabalhadores.
Enfim, terminamos a década promulgando nossa, até hoje vigente, constituição.
O mundo estava tão confuso e passando por tantas mudanças ao mesmo tempo, até Cuba já não era mais de Fidel, o jeito mesmo foi desabafar com os marcianos.
Mas o tempo passou, o mundo se reorganizou geográfica e politicamente, ficamos mais tecnológicos, interligados globalmente, politicamente até invertemos os papéis, a esquerda virou direita e vice e versa.
Crescemos e crescemos, mas algumas coisas continuaram pequenas.
Velhos e repudiáveis hábitos até hoje sendo praticados, leis que de todas as formas são impedidas de se exercer, cidadãos pagando por tudo e não levando nada.
Aí um dia acordo com minha habitual resignação e, meu povo está na rua.
Todos gritam: O gigante acordou!!!
Como não falar sobre isso? Como não fazer novamente uma ligação para os marcianos?
Todos os dias sentimos o peso do desrespeito e da exploração a que somos submetidos.
Seguimos em nossas lutas diárias à espera de um milagre ou loteria que nos resgate na multidão. Porque fazer a nossa parte não tem sido garantia para vencer.
Votamos escolhendo o candidato menos pior e somos tão consumidos pelo excesso de trabalho que acabamos deixando nosso país sobre qualquer comando.
Não somos a geração que lutou contra a opressão dos tempos da ditadura. Crescemos com pais que queriam presentear seus filhos com tempos mais liberais. Tivemos a falsa ilusão de que já desfrutávamos tempos de prosperidade e paz.
Não fomos formados para a luta. Ganhamos a democracia mas precisávamos aprender a usá-la.
Por não saber, passamos muito tempo pagando a conta, sem direito a sonhar, sem direito a fazer escolhas, praticamente, sem direito a existir.
E agora, em pleno clima das copas, onde a FIFA é quem manda, meu povo não se rendeu aos encantos do futebol e se coloca em campo formando a verdadeira seleção brasileira.
Aquela que sempre foi a dona da bola, mas que a muito tempo vem deixando ela rolar.
Me sinto muito orgulhosa, não poderia deixar de registrar isso.
Minha esperança se renova, enfim mostramos nossa força e, com isso, minhas lutas diárias também criaram um novo sentido.
Marciano escute: Meu país exige mudanças,meu povo começou a acordar...
Continuamos amantes da bola, mas invadimos o campo e vamos começar a jogar!!!



quarta-feira, 12 de junho de 2013

Mãos dadas


Desde de menina sempre gostei de viver na companhia das pessoas.
A ideia de estar sempre cercada de amigos e familiares combina comigo.       Sou comunicativa e gosto muito de compartilhar  a vida com os amados.
Sempre que visito um lugar bacana, assisto um bom filme ou vejo algo interessante, tenho um instinto imediato de dividir isso com aqueles que são importantes para mim.
Não é por acaso que planejei tanto ter uma família com filhos, periquitos e papagaios. Ainda que, para isso, eu tenha precisado abrir mão de muitos outros projetos.
 E pode ter certeza, de todos os meus planos, ter uma família era o único do qual eu não conseguiria abrir mão.
Acredito que esse desejo não venha apenas da vontade de viver uma linda história de amor, mas também dessa necessidade de não estar só.
Mas, como a vida está sempre nos testando em nossas fraquezas, passo muito tempo sozinha.
Não por isolamento ou abandono, mas pelas circunstâncias. E por causa dessa solidão comecei a me questionar sobre como me comporto diante da ausência das pessoas.
Passei a me perguntar, então,de onde vinha essa necessidade enorme de estar junto a alguém.
 E mais, porque era tão doloroso estar apenas comigo?
A partir desse momento compreendi que precisava exercitar minha capacidade de estar só, ou melhor, de estar em minha companhia.
Muitas vezes o sentimento de solidão me assombrou durante essa minha tentativa de estar bem comigo mesma. Mas procurei enfrentar esses momentos  com paciência e coragem até que o desconforto de não ter outra pessoa por perto se transformasse em serenidade, em aceitação e em autoconfiança.
Aprendi muito fazendo isso!
Na verdade compreendi que quanto mais tentamos segurar as pessoas a nossa volta, mais facilmente elas escapam.
E percebi que estar comigo pode ser muito prazeroso.
Sozinha, consigo me perceber melhor. Consigo perceber quem sou de fato, me distinguindo do restante das influências que me cercam.
Além da sensação de liberdade que vem do fato de não depender da presença do outro para me sentir feliz.
Compreendi, ainda, uma última lição...
Solidão não é a falta das pessoas, mas a falta de si mesmo.
Estando verdadeiramente comigo jamais estarei só e estar com as pessoas será como apreciar a chegada de um lindo presente.
Joaquina.

Do poema Lua Adversa de Cecília Meireles...


Tenho fases, como a Lua; fases de ser sozinha, fases de ser só sua.





terça-feira, 4 de junho de 2013

Metade da Vida


É incrível como o tempo passa!!!
Outro dia me dei conta de que estou chegando à metade da vida. E diante dessa imutável realidade é impossível não fazer uma reflexão.
Acredito que chegar à metade de qualquer caminho seja motivo de sobra para refletir sobre a caminhada. E se tratando da própria vida, fica praticamente inevitável essa reflexão.
De repente comecei a pensar em meus sonhos de juventude, nas escolhas que fiz e nas que não fiz e em que se transformou minha tão projetada vida.
 Me tornei  respeitável, cumpridora de deveres e cheia de ocupações. Mas cheguei à conclusão de que, do muito que sonhei, alguma coisa se cumpriu. O restante ficou por conta das voltas que a vida nos dá.
Das lições que me foram reservadas, a mais dura talvez tenha sido justamente essa, a de não ter o pleno controle sobre meus caminhos.
E de todos os desafios que surgiram até agora, o que mais me exigiu coragem, foi justamente enfrentar esse encontro comigo.
Me olhar e perceber que estou mudada.
Me olhar e perceber que nem tudo foi possível.
Me olhar e me perdoar pelas minhas limitações.
Me olhar e reconhecer, em mim, o bom apesar do ruim.
Mas, para não deixar a  impressão de que chegar à metade da vida é somente viver em angústia,quero dizer também do que vejo de bom.
Vejo alguns sonhos realizados.
Vejo amizades e amores consolidados.
Vejo o desprender de tolos apegos.
Vejo o domínio de antigos medos.
Vejo o reconhecer de alguns defeitos e o reaprender com mais humildade.
Sim, me vejo, mais crescer do que envelhecer!
Vejo que a outra metade da vida, que com sorte me aguarda, me encontrará mais plena, consciente e pronta.
Pronta para viver com amor, generosidade e muita gratidão.
Joaquina.

Do meu sentir fiz mais um poema...

Metade da vida

O que fazer na metade da vida?
Parar não resolve
Correr não adianta
A vida, enfim, mudou de perspectiva.

O que fazer na metade da vida?
Sonhar não é mais igual
Ser já é tão real
Não é possível mais buscar o ideal.

O que fazer na metade da vida?
Rever os planos?
Aproveitar os anos?
Fugir dos enganos?
O que fazer?

Talvez o melhor seja fazer da metade o todo
E seguir...
Sem culpas, sem mágoas e com um bocado de coragem.





quinta-feira, 30 de maio de 2013

Maternidade



Ter filhos foi, sem dúvida, a coisa mais corajosa que fiz em toda a minha vida.
Nem sei de onde tirei tamanha coragem. Talvez tenha sido do meu enorme e inconsequente desejo de ser mãe.
Sim, inconsequente desejo.
Escolher a maternidade, ainda que seja de forma madura e consciente, sempre será de certa maneira um ato inconsequente. Para mim, não há como não ser!
Acredito que só podemos ter a dimensão da maternidade quando nos tornamos de fato mães.
Quando sonhamos em ter filhos partimos de um desejo enorme e da possibilidade de vivermos essa história de amor. Mas quando recebemos nossos filhos nos braços percebemos a real dimensão dessa escolha.
Nos deparamos com um pequeno ser cuja vida está  absolutamente entregue em nossas mãos e ao mesmo tempo nos confrontamos com nossos medos e nossas inseguranças.
O que mais amedronta?
A certeza de que ninguém, além de nós, poderá assumir essa missão com igual empenho e amor.
A certeza de nossa fragilidade e nossa finitude.
A certeza de nossa impotência diante da enormidade da vida.
A partir de então começamos a nos conscientizar verdadeiramente desse nosso ato e entendemos que só levamos esse desejo adiante porque,de certo modo, fomos inconsequentes.
Abençoadamente inconsequentes, eu diria.
Cometemos ,certamente, o ato inconsequente mais necessário da vida!
Medir as reais consequências de ser mãe, seria impossível . Assim como medir a própria vida, a que jamais teremos controle.
Descobrimos então que não se trata de assumir a responsabilidade sobre nossos filhos, mas de se entregar inteiramente a eles.
Não seremos verdadeiramente mães se apenas os conduzirmos em suas etapas de crescimento.
Para cumprir essa missão teremos que rever nossas antigas prioridades e nos tornar disponíveis para esse novo ser.
Será preciso mergulhar no universo de nossos pequenos, de tal modo, que nossos atos consigam despertar sua força e sua autoconfiança, os ajudando a si descobrir , verdadeiramente, como Seres.
 Seres únicos, aptos a seguir seu caminho e Ser luz em sua própria estrada.
 Luz que geramos com nossa entrega, com nosso profundo amor e com o pouco de divindade que carregamos em nós, nossa MATERNIDADE!
Joaquina.







segunda-feira, 27 de maio de 2013

Infância


Infância...
Tantos sonhos, medos, alegrias, sofrimentos, tudo isso se transformou em lembranças.
Lembro do amor das pessoas...
De vó, de vô, de tio, de tia, de mãe, de madrinha.
Lembro também do medo...
Medo de pai, de bicho, de escuro, de alma penada.
Lembro de ficar doente, com febre e dor de garganta.
Lembro do remédio amargo e do médico amigo.
Lembro da escola...
Da professora, da tabuada, das cartolinas e das folhas de almaço.
Lembro da rua, da meninada, da queimada e de sentar na calçada.
Lembro da casa de minha avó...
Mesa farta, gargalhadas e família reunida.
Lembro dos primos e de como nos divertimos.
Lembro das festas de arraial com quadrilhas e vestidos de chita.
Lembro do gosto das balas e dos chicletes.
E me lembro muito bem de cada Natal...
Presépio, rezas, enfeites coloridos, cheiro de forno e muitos presentes.
Mas principalmente, lembro de mim criança...
Esperta, alegre, falante, medrosa e cheia de idéias.
Sim eu me lembro de tudo!
De ser feliz e de não ser.
Me lembro do gosto e do desgosto das coisas.
Dos sonhos, dos cheiros e de como tudo era grande.
A sorte é que nas lembranças da infância tudo que é bom aumenta e tudo que é triste fica pequenininho.
Acho que esse foi o jeito que Deus arranjou de nos manter felizes!!!

Joaquina


domingo, 26 de maio de 2013

Estou de volta...

Olá diário, enfim estou de volta!
Sempre achei que escrever era uma boa pedida para todos os momentos da vida.
Pelo menos para mim, o exercício de colocar no papel sentimentos, ideias, angústias ou um simples recado sempre foi positivo e libertador.
Mas dessa vez tive que dar uma trégua!
Pela primeira vez, entendi que em certos momentos é preciso calar e apenas agir.
Sem palavras aceitei que as demandas desse meu momento eram mais necessárias de serem vividas do que contadas. Guardei as palavras e segui em frente...
Agora que a tempestade começa a passar e a vida começa a tomar ares de normalidade, já consigo estar de volta. E espero traduzir aqui todos os silêncios que vivi.
Para marcar essa volta reservei esse lindo poema de Drummond, que me levou a reflexão e me trouxe as melhores inspirações.

Ausência
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
E sinto-a, branca, tão pegada,aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

Carlos Drummond de Andrade.




terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Desapego ...


Coisas imperfeitas costumavam me provocar muito.
Sempre que via os defeitos ou falhas de alguém ou de alguma coisa, tinha uma tendência terrível de querer concertá-las ou torná-las melhores.
Quando se tratava de objetos costumava tentar colá-los ou concertá-los de alguma maneira. E, quando não conseguia, tentava ao menos disfarçar, um pouco, seus defeitos mais evidentes.
Em relação às pessoas, me desmanchava em conselhos e opiniões para que a pessoa mudasse ou se tornasse  melhor.
Quando o problema era comigo, tentava esconder os defeitos e maquiar as falhas o máximo que pudia, fossem elas físicas ou emocionais.
Porém percebi que quanto mais me comportava dessa maneira, mais as imperfeições me perseguiam.
Isso se tornou tão frequente que já estava até me acostumando a conviver com as avarias.
Por mais que eu me preocupasse em verificar o bom estado de tudo, sempre acabava descobrindo um pequeno defeito.
Mas, a verdade é que de uns tempos para cá tenho me sentido bem cansada em relação a isso. E mais, tenho me perguntado sobre o porque de tantas imperfeições ao meu redor.
Até hoje não sei se eu as atraio ou se elas me perseguem!
Então resolvi relaxar um pouco e aceitar a imperfeição das coisas sem tanta pressa em concertá-las.
Já em relação às pessoas compreendi que não podemos aprender a lição por elas. Então comecei a exercitar minha capacidade de enxergá-las além das imperfeições.
Esse é um exercício árduo que ainda levarei anos praticando até o assimilar completamente.
Acredito que a mudança de hábito é um exercício constante, mas assimilar a ideia da imperfeição como característica e não como simplesmente defeito, já foi um começo e tanto.
E dessa reflexão acabei escrevendo esse pequeno poema ...

Medida certa


Procuro
A medida certa para o amor
Aquela que me mantenha próxima sem me tornar invisível
Que me mantenha distante sem me fazer esquecida
E me ajude em todas as relações da vida.

Procuro
 A medida perfeita
Para amar o imperfeito
Para aceitar o defeito
Para acolher no meu peito
Mais do que o meu coração.

Procuro
À medida do amor que liberte sem parecer abandono
Que convide a ficar, mas deixe partir
Que mantenha junto e não se torne prisão

Procuro,enfim, aprender...
 A amar
A permitir errar
A perdoar
E assim compreender e aceitar
Que o exercício da vida, acima de tudo, é amar.
Joaquina.