quinta-feira, 30 de maio de 2013

Maternidade



Ter filhos foi, sem dúvida, a coisa mais corajosa que fiz em toda a minha vida.
Nem sei de onde tirei tamanha coragem. Talvez tenha sido do meu enorme e inconsequente desejo de ser mãe.
Sim, inconsequente desejo.
Escolher a maternidade, ainda que seja de forma madura e consciente, sempre será de certa maneira um ato inconsequente. Para mim, não há como não ser!
Acredito que só podemos ter a dimensão da maternidade quando nos tornamos de fato mães.
Quando sonhamos em ter filhos partimos de um desejo enorme e da possibilidade de vivermos essa história de amor. Mas quando recebemos nossos filhos nos braços percebemos a real dimensão dessa escolha.
Nos deparamos com um pequeno ser cuja vida está  absolutamente entregue em nossas mãos e ao mesmo tempo nos confrontamos com nossos medos e nossas inseguranças.
O que mais amedronta?
A certeza de que ninguém, além de nós, poderá assumir essa missão com igual empenho e amor.
A certeza de nossa fragilidade e nossa finitude.
A certeza de nossa impotência diante da enormidade da vida.
A partir de então começamos a nos conscientizar verdadeiramente desse nosso ato e entendemos que só levamos esse desejo adiante porque,de certo modo, fomos inconsequentes.
Abençoadamente inconsequentes, eu diria.
Cometemos ,certamente, o ato inconsequente mais necessário da vida!
Medir as reais consequências de ser mãe, seria impossível . Assim como medir a própria vida, a que jamais teremos controle.
Descobrimos então que não se trata de assumir a responsabilidade sobre nossos filhos, mas de se entregar inteiramente a eles.
Não seremos verdadeiramente mães se apenas os conduzirmos em suas etapas de crescimento.
Para cumprir essa missão teremos que rever nossas antigas prioridades e nos tornar disponíveis para esse novo ser.
Será preciso mergulhar no universo de nossos pequenos, de tal modo, que nossos atos consigam despertar sua força e sua autoconfiança, os ajudando a si descobrir , verdadeiramente, como Seres.
 Seres únicos, aptos a seguir seu caminho e Ser luz em sua própria estrada.
 Luz que geramos com nossa entrega, com nosso profundo amor e com o pouco de divindade que carregamos em nós, nossa MATERNIDADE!
Joaquina.







segunda-feira, 27 de maio de 2013

Infância


Infância...
Tantos sonhos, medos, alegrias, sofrimentos, tudo isso se transformou em lembranças.
Lembro do amor das pessoas...
De vó, de vô, de tio, de tia, de mãe, de madrinha.
Lembro também do medo...
Medo de pai, de bicho, de escuro, de alma penada.
Lembro de ficar doente, com febre e dor de garganta.
Lembro do remédio amargo e do médico amigo.
Lembro da escola...
Da professora, da tabuada, das cartolinas e das folhas de almaço.
Lembro da rua, da meninada, da queimada e de sentar na calçada.
Lembro da casa de minha avó...
Mesa farta, gargalhadas e família reunida.
Lembro dos primos e de como nos divertimos.
Lembro das festas de arraial com quadrilhas e vestidos de chita.
Lembro do gosto das balas e dos chicletes.
E me lembro muito bem de cada Natal...
Presépio, rezas, enfeites coloridos, cheiro de forno e muitos presentes.
Mas principalmente, lembro de mim criança...
Esperta, alegre, falante, medrosa e cheia de idéias.
Sim eu me lembro de tudo!
De ser feliz e de não ser.
Me lembro do gosto e do desgosto das coisas.
Dos sonhos, dos cheiros e de como tudo era grande.
A sorte é que nas lembranças da infância tudo que é bom aumenta e tudo que é triste fica pequenininho.
Acho que esse foi o jeito que Deus arranjou de nos manter felizes!!!

Joaquina


domingo, 26 de maio de 2013

Estou de volta...

Olá diário, enfim estou de volta!
Sempre achei que escrever era uma boa pedida para todos os momentos da vida.
Pelo menos para mim, o exercício de colocar no papel sentimentos, ideias, angústias ou um simples recado sempre foi positivo e libertador.
Mas dessa vez tive que dar uma trégua!
Pela primeira vez, entendi que em certos momentos é preciso calar e apenas agir.
Sem palavras aceitei que as demandas desse meu momento eram mais necessárias de serem vividas do que contadas. Guardei as palavras e segui em frente...
Agora que a tempestade começa a passar e a vida começa a tomar ares de normalidade, já consigo estar de volta. E espero traduzir aqui todos os silêncios que vivi.
Para marcar essa volta reservei esse lindo poema de Drummond, que me levou a reflexão e me trouxe as melhores inspirações.

Ausência
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
E sinto-a, branca, tão pegada,aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

Carlos Drummond de Andrade.