quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Lidando com a dor...

Acabo de ler um belíssimo texto de Eliane Brum falando sobre o despreparo das novas gerações em lidar com a dor e com as frustrações da vida.
A autora, em seu texto,  abre nossos olhos para o comportamento ingênuo de pais que acreditam ser possível proteger seus filhos de tudo. E também do comportamento de filhos que passam a acreditar que tem direito garantido e mérito vitalício à felicidade. Mas se esquecem completamente das etapas de busca e conquista. Etapas essas, tão permeadas de dores e frustrações.
Como a vida é muito mais percurso do que chegada ou destino final, convivemos mais com os desencontros do que com os encontros. E para cada felicidade há sempre muitas léguas de suor derramado e tristezas percorridas.
Essa é a grande questão!
Aceitar seu caminho tendo como natural cada perda, cada conflito, cada pedacinho de dor. E perceber que a vitória é resultado do que se constrói. E mais, aceitando que ela não se parece com os contos de fadas e nem tem a magia da Disney.
E foi justamente hoje, no dia em que tive que reconhecer meu fracasso diante das dificuldades que me impedem de alcançar meus objetivos que esse texto chegou até a mim.
Não tive nenhuma super proteção ao longo da vida. Meus caminhos sempre foram difíceis e tortuosos, mas justamente por essa razão, me julguei plenamente merecedora da minha conquista.
Acabo de despencar das nuvens e descubro algo que nos roteiros da felicidade não estava escrito.
Méritos, sofrimentos ou lutas não são garantias para uma vida feliz.
Entre tentar e conseguir existe uma distância e percorrer essa distância não me garante a conquista.
Lutar é certamente um pré requisito para qualquer vitória, mas não é garantia.
Acabo de me deparar com a regra mais básica da vida, a incerteza. E ela me remete aos meus medos e inseguranças, aqueles que pensei ter superado. Mas que estão aí, permeando a minha vida e testando a minha coragem e fé.
Acabo também de me deparar com o meu orgulho, que me fez acreditar que fracassar me faria menor e ao me ver sobre a ótica do fracasso fez minha perda se tornar insuportável.
Não posso negar que esse aprendizado está apenas começando e que durante esse processo, provavelmente, ainda terei dias de frustração e dor. Mas, ao menos, terei as palavras de Eliane Brum ecoando em minha consciência e em algum momento essa reflexão vai produzir em mim a mudança que tanto preciso para ser uma fracassada de sucesso. Ou melhor, para ser alguém que se sente bem sucedida apesar dos inevitáveis fracassos.

Grande abraço,

Joaquina.